quarta-feira, 21 de março de 2012

DIDAQUÉ


STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides Martins (Org). Didaqué: o catecismo dos primeiros cristãos para as comunidades de hoje. 16ª. ed. São Paulo: Paulus, 2009. 30 p.

Didaqué significa “instrução” ou “doutrina”. Trata-se de um escrito do final do primeiro século, sendo portanto contemporâneo com importantes escritos do Novo Testamento. Traz de forma simples e objetiva instruções certamente herdadas dos apóstolos, mas dificilmente escritas por eles. Não se pode atribuir a autoria à apenas um autor e sim vários. Acredita-se que sua composição se deu em etapas, indo do final do séc. I até aproximadamente o ano 150 e o lugar mais provável de sua origem é Antioquia (Síria).
Através da leitura dos dezesseis capítulos que compõem a Didaqué podemos conhecer um pouco mais das origens do cristianismo, acompanhado um importante processo de estruturação das comunidades e nos deparar com uma liturgia simples e orientações pragmáticas, tudo na tentativa de manter a igreja firme no propósito da expansão do cristianismo.
A Didaqué possui um conteúdo sumário interessante e aparece em forma de um manual catequético sobre a disciplina eclesiástica e com instruções litúrgicas. Para uma melhor compreensão podemos dividi-la em quatro partes:

1ª parte (Cap. 1-6): nesta parte encontramos instruções sobre os dois caminhos, o caminho da vida e o da morte. Nos quatro primeiros capítulos a Didaqué nos apresenta o caminho da vida discorrendo em temas como o amor a Deus e ao próximo, a caridade e o bem aos “inimigos”, a dádiva do compartilhar, visando um bem-estar dentro das comunidades e também nos orienta quanto as raízes do mal e do bem na vida do cristão. No capítulo cinco encontramos o caminho da morte, que é oposto ao da vida. Nesta direção, o autor encerra esta primeira seção com uma exortação quanto a perseverar no caminho da vida.
2ª parte (Cap. 7-10): já neste bloco, encontramos um antigo ritual litúrgico, com instruções para administração do batismo (cap. 7), sobre o jejum e oração (cap. 8) e sobre a celebração eucarística (cap. 9). Depois de dedicar um capítulo para cada um dos momentos acima, o autor encerra esta seção trazendo no capítulo 10 uma oração modelo, orientando assim, como os cristãos deveriam agradecer a Deus pela eucaristia.
3ª parte (Cap. 11-15): deparamos-nos aqui com importantes palavras para a igreja primitiva, instruções que nos dão uma idéia da preocupação em evitar alguns possíveis problemas gerados por falsos profetas que já começavam a aparecer no meio do povo. Em geral, percebemos neste trecho disposições sobre a vida comunitária, com especial atenção para com a hospitalidade e o discernimento dos verdadeiros pregadores, o culto e a organização. Em três capítulos o autor se dedica em alertar o povo em como proceder com os pregadores, trazendo instruções objetivas e claras, na finalidade de não serem enganados pelos falsos profetas e nem abusados quanto à hospitalidade. O culto é o tema do capítulo quatorze e o capítulo quinze encerra a seção tratando de uma organização eclesiástica, que apesar de simples, já se fazia necessária.
4ª parte (Cap. 16): neste capítulo encontramos uma exortação sobre a perseverança no caminho da vida. Na perspectiva da parusia, o autor discorre neste último capítulo apresentando uma dura realidade presente nos últimos dias, mas acima de tudo, os alertando sobre nunca perderem a esperança no Senhor.
Sem dúvida é uma leitura fascinante em que nos proporciona um passeio por nossas origens. É imensamente compensador dedicar alguns minutos nestas poucas páginas que nos trazem grandes contribuições no que diz respeito à nossa história, a história da Igreja de Cristo.

Por: FELIPE BAGLI SIQUEIRA
Trabalho apresentado ao Prof. Dr. José Carlos de Souza, com vistas à aprovação em disciplina. — 1º. Ano, Período Matutino, do Curso de Bacharel em Teologia da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista — UniversidadeMetodista de São Paulo. São Bernardo do Campo — setembro de 2010

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