Diversos foram os seus escritores, que viveram entre os anos
1200 a.C. a 100 d.C. Foi escrita em línguas hoje
inexistentes ou totalmente modificadas, como o hebraico, o grego, o
aramaico, fato este que dificulta enormemente uma tradução, pois muitas
vezes não se encontram palavras adequadas.
Para bem entendê-la é necessário colocar-se dentro
das situações vividas pelo escritor, o que é de todo impraticável. Quando
muito, consegue-se uma aproximação metodológica deste entendimento.
Entre
os católicos, o interesse por conhecer a Bíblia praticamente começou após o
Concílio Vaticano II, ou seja, a partir dos anos '60, enquanto os
Protestantes há muito se interessam por estudá-la. Não quero adentrar aqui
na histórica polêmica religiosa que cerca a leitura e a interpretação da
Bíblia, ressuscitando antigas divergências. Apenas vale salientar que uma
série de enganos podem advir de uma interpretação bíblica literal, porque
uma interpretação ao "pé da letra" não revela o sentido mais adequado
de todas as palavras.
Para
que não aconteça conosco incidir neste equívoco, devemos aprender a nos
colocar na situação histórica de cada escritor em cada livro, conhecer a
situação social concreta da sociedade em que ele viveu, procurar entender o
que aquilo significou no seu tempo e só então tentar aplicar a sua mensagem
às nossas circunstâncias atuais.
1. O
que é a Bíblia?
Definição
do Concilio Vaticano II:
"A
Bíblia é o conjunto de livros que, tendo sido escritos sob a inspiração do
Espirito Santo, têm Deus como autor, e como tais foram entregues à
Igreja".
2.
Quais as partes que compõem a Bíblia?
A
Bíblia se divide em duas partes principais: o Antigo Testamento ou 1º
Testamento e o Novo Testamento ou 2º Testamento. O 1º refere-se ao período
anterior a Jesus Cristo e o 2º refere-se ao período cristão. Cada uma
destas partes se compõe de diversos 'livros', escritos em épocas históricas
diferentes.
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Hermenêutica
1.
Conceito
A palavra
'hermenêutica' vem do verbo 'hermenêuein' (interpretar). E esta interpretação
foi entendida diversamente através dos tempos.
Por isso, temos três tipos de exegese:
l. rabínica; 2. protestante; 3. católica.
1.1.
Exegese Rabínica
Os judeus
interpretavam a escritura ao pé da letra, por causa da noção de inspiração que
tinham. Se uma palavra não tinha sentido perceptível imediatamente, eles usavam
artifícios intelectuais, para lhes dar um sentido, porque todas as palavras da
Bíblia tinham que ter uma explicação. O exemplo do paralítico é antológico: ele
passara 38 anos doente. Por que 38? Ora, 40 é um número perfeito, usado várias
vezes na vida de Cristo (antes da ressurreição, no jejum) ou também no AT
(deserto, Sinai). Dois é outro número perfeito, porque os mandamentos (vontade)
de Deus se resumem em "2": amar Deus e ao próximo. Portanto, tirando
um número perfeito de outro, isto é, tirando 2 de 40 deve dar um número
imperfeito (38) que é número de doença...
A Igreja
primitiva herdou muito do rabinismo, no início, mas depois se libertou.
1.2.
Exegese Protestante
Surgiu do
protesto de alguns cristãos contra a autoridade da Igreja como intérprete fiel
da Bíblia. Lutero instituiu o princípio da "scritura sola"
(traduzindo, a escritura sozinha), sem tradição, sem autoridade, sem outra
prova que não a própria Bíblia. A partir daquele instante, os Protestantes se
dedicaram a um estudo mais acentuado e profundo da Bíblia, antecipando-se mesmo
aos católicos. Mas o princípio posto por Lutero contribuiu para um desastre
hermenêutico, pois ele mesmo disse que cada um interpretasse a Bíblia como
entendesse, isto é, como o Espirito Santo o iluminasse.
1.3.
Exegese Católica
Inicialmente,
apegou-se muito aos métodos tradicionais: usava mais a tradição e menos a
Bíblia. Mesmo no século XIX, a tendência era ainda conservar a apologética, a
defesa da fé. Foi o Padre Lagrange quem iniciou o movimento de restauração da
exegese católica. Começou a comentar o AT com base na critica histórica. Mas
foi alvo tantos protestos que não teve coragem de continuar. Em seguida,
comentou o NT, e ainda hoje é autoridade no assunto. A Igreja Católica custou
muito a perceber o seu atraso no estudo bíblico, e até bem pouco tempo ainda
afirmava ser Moisés o autor do Pentateuco, quando os protestantes há mais de um
século já descobriram que não.
O
primeiro passo da nova exegese da Igreja Católica foi dado por Pio XII, em
1943, com a encíclica DIVINO AFFLANTE SPIRITU, na qual aprovou a teoria dos
vários gêneros literários da Bíblia. Depois, em 1964, Paulo VI aprovou um
estudo de uma comissão bíblica a respeito da história das formas
(formgeschichte). E hoje em dia, tanto os exegetas católicos como os
protestantes são a favor desta, e qualquer livro sério sobre o assunto traz
este aspecto. Protestantes citam católicos e vice versa, sem nenhuma restrição.
PRINCIPAIS GENEROS LITERÁRIOS DA BÍBLIA
Dividem-se assim os
diversos gêneros literários encontrados na Bíblia:
a) Narrativo:
histórico e didático
b) Legislativo
c) Sapiencial
d) Profético
e) Cânticos
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